Na sessão Moto do dia, temos a história do Streaker MK15 que durante seus últimos dias, a Bultaco depositou grandes esperanças no futuro motor MK15. Testado em Streaker e Pursang
Moto do Dia. Protótipo Bultaco Streaker MK15
Salvo exceções como o fantástico Metralla MK2 de 1966 – o quarto de litro mais rápido da época – ou o seu trabalho com o TSS, em meados dos anos 60 a Bultaco começou a concentrar a maior parte dos seus esforços no mundo do Off-Road.
Desta forma, não se adaptou apenas às novas tendências que chegavam do Reino Unido. Mas, especialmente, concentrou-se nas suas possibilidades no mercado dos EUA. Foi sem dúvida o seu maior campo de expansão, como o seria também para a OSSA, que já exportava para lá cerca de três quartos da sua produção antes do final da década.
Desta forma, do Pursang ao Sherpa, passando pelo Matador ou pelo Frontera, tudo o que tinha a ver com Trail, Trial ou Motocross foi ganhando um espaço evidente à medida que os distribuidores na América iam dando cada vez mais benefícios. Com tudo isso, a Bultaco passou a negligenciar o fornecimento de asfalto.
A Revolução nos EUA: Como os Fabricantes Japoneses Transformaram o Mercado e Desafiaram Marcas Icônicas como a Bultaco:
Na verdade, até ao aparecimento do GT em 1975, sagas tão icónicas como a Shrapnel duraram nove anos sem qualquer atualização relevante. Contudo, durante a década de 1970, a situação nos Estados Unidos começou a mudar severamente.
Não foi em vão que os fabricantes japoneses conseguiram tornar-se hegemónicos graças à sua combinação de bom design, tecnologia avançada e preços contidos. Além disso, isso foi implementado desde superbikes até ciclomotores e motos cross-country em vários deslocamentos.
Em suma, em poucos anos conseguiram alcançar a liderança em praticamente todos os segmentos de mercado. Neste momento, Bultaco pensou na necessidade de cuidar mais do mercado rodoviário nacional para equilibrar as contas. Na verdade, a marca ainda tinha um prestígio evidente neste sentido, pelo que o aparecimento de uma moto leve e com um toque desportivo – como, por exemplo, a Derbi tinha feito com a 74 Gran Sport em 1965 – poderia ter bastante sucesso.
O lançamento do Streaker em 1977 marcou o retorno da Bultaco ao motociclismo de asfalto voltado ao público jovem.
Bultaco Streaker MK15 Proto, o que poderia ter sido e não foi:
Tentando voltar a entrar em sintonia com a torcida local, em 1977 surgiu o Bultaco Streaker. E cara, a verdade é que foi um sucesso imediato. Afinal, até pela própria aparência, tudo nele prendia o olhar do espectador graças a uma moldura de berço de duplo perímetro pintada em ouro, sob a qual pendia o motor em preto, assim como a carroceria.
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Quanto à oferta de motores, esta incluía uma versão com 74 centímetros cúbicos e outra com 118 capazes de entregar 8,9 CV e 13,3 CV respetivamente.
Além disso, essa clara vocação de conquistar o público jovem foi concretizada com a Streaker Cup. Um troféu de marca única como promoção em que participaram futuros pilotos de sucesso como Sito Pons, Carlos Cardús e Carlos Garriga. E, em termos de chassis e suspensão, o Streaker foi tão afinado que até serviu de base para criar unidades de competição com motores de até 350 centímetros cúbicos.
De facto, dado o sucesso do modelo, Bultaco pensou desde o primeiro momento em evoluí-lo graças ao futuro motor MK15. Anunciado publicamente desde 1978, este projeto foi concebido como aquele que deveria introduzir a casa catalã numa nova era.
Inovações na Admissão e Expansão: A Evolução do Design do Pursang MK12 e as Variantes de Cilindrada:
Equipado com uma entrada de ripas – como o Pursang MK12 já havia estreado – apresentava aletas particularmente visíveis enquanto reduzia o tamanho do cárter. Além disso, em termos de cilindradas, estavam sendo desenvolvidas versões com 125, 250 e até 420 centímetros cúbicos.
A propósito, testando-o em competição montando-o em algumas unidades oficiais da Pursang para a temporada de 1978.
Não foram poucas as esperanças depositadas no motor MK15. Porém, seu desenvolvimento foi mais lento do que o esperado devido à brusquidão de suas reações.
No entanto, embora os técnicos da Bultaco tivessem grandes esperanças naquele motor, a verdade é que este dava sinais de necessitar de muito mais desenvolvimento ou, por outras palavras, de muito mais tempo.
Corrida Contra o Tempo: Desafios da Bultaco Diante da Competição Japonesa e Problemas Internos:
Exatamente o que já não tinham em Bultaco. Cada vez mais assediada pela concorrência japonesa ou pelos problemas financeiros e trabalhistas da fábrica. Na verdade, para a primeira atualização do Streaker – apresentada em 1979 – não se podia contar com o MK15.
Algo que, no entanto, não privou o 179 A e o 204 A de terem caixa de seis marchas ou mecânica já adaptada à refrigeração líquida. Entretanto, na fábrica o novo MK15 estava a ser afinado contra o relógio, não só no Pursang Motocross mas também no Streaker.
O Desvanecer das Aspirações: O Projeto da Metralla 400 e a Despedida Amarga da Bultaco:
Além disso, a versão superior deste motor foi vista como o futuro natural para continuar com uma renovada saga Metralla, elevando a sua cilindrada para 400 centímetros cúbicos para ser mais atractiva em comparação com as motos Sport-Touring estrangeiras.
No entanto, nada disso poderia se concretizar. Não em vão, durante 1979 a família Bultó abandonou a empresa, deixando-a nas mãos de uma cooperativa até o seu encerramento definitivo em 1983. Por conta disso, os Streakers com motor MK15 não passaram da fase de protótipo.
Exatamente o mesmo que aconteceu com o tão anunciado Pursang MK15. E a questão é que, para ajustar essa mecânica, era necessário tempo. Um tempo que sempre vale dinheiro. Exatamente o que Bultaco já não tinha em grau suficiente.
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Fonte: As fotografias com as quais ilustramos este texto provêm do Museu Espanhol da Motocicleta de Alcalá de Henares. Uma coleção sensacional para compreender a história do motociclismo em Espanha, com peças únicas como o próprio protótipo de moto que acabamos de discutir.