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Teste Ducati Streetfighter V4S – Do sonho à realidade

A mais recente geração da Ducati Streetfighter V4S recebe uma série de melhorias em todo o seu espectro de funcionamento. Mais uma evolução do que uma revolução, o objectivo de tornar cada vez mais utilizável um monstro de 208 cv merece toda a nossa atenção.

As hypernakeds são, por definição, versões simpáticas e utilizáveis das motos mais desportivas que o dinheiro pode comprar. Carenagens fora, um guiador em vez de avanços e motores ligeiramente mais tímidos na entrega de potência.

Em 2020, a Ducati mandou a regra às couves e provou que era capaz de despir uma Panigale e criar uma naked com mais de 200 cv. Graças à personalidade forte do V4, era possível rolar confortavelmente na estrada com uma hyperdesportiva. A Streetfighter ganhava asas biplano e arrumava a concorrência a um canto.

Antes de mergulharmos um pouco mais a fundo, vamos explicar-lhe o que esta terceira geração traz de novo. Temos um depósito de combustível e assento redesenhados, um sistema de escape com maior diâmetro na saída do silenciador e afinações de suspensão revistas.

No que toca à electrónica foram criados mapas de injecção específicos para cada mudança (assim como melhorias no Quick-Shifter), um TFT apresentando um modo Race com visual dedicado, tudo isto “empacotado” numa nova pintura. 

A versão S inclui Ohlins semi-activas (forquilha invertida NIX30 de 43 mm e amortecedor TTX36) com interface SmartEC 2.0, jantes em alumínio forjado, da Marchesini e bateria de lítio, resultando nuns míseros 197,5 Kg (201,5 Kg na versão V4) para 208 cv. Minha nossa senhora…

Passados 3 anos, a sua silhueta ao vivo continua a acelerar-nos os batimentos cardíacos, com a sensação de máquina furiosamente pronta para o combate, exalada por cada componente mecânico. O quadro em alumínio abraça um V4 que parece querer sair fora da estrutura (quase que exigindo a colocação de uma embraiagem a seco), como se tivesse vida própria.

Normalmente ouvimos queixas dos fotógrafos quando nos calham motos escuras, não só porque sobressaem menos nos enquadramentos, mas porque também se perdem os destaques de todas as linhas. Tal não é o caso desta nova pintura (Grey Nero) que mistura diversos tons de cinzento mate, maravilhosamente combinados com os dourados esbatidos presentes no motor.

A sua agressividade latente é enfatizada pela nota de escape, que mesmo ao ralenti soa rude, num tom grave e metálico, com um pulsar semelhante a um V-Twin. A configuração monoposto e a ausência de poisa pés para o passageiro não podem servir de álibi para deixarmos a patroa em casa (estas peças são fornecidas à parte)…

Se as primeiras impressões nos dizem muito sobre o que temos à nossa frente, por esta altura estávamos contentes por ter trazido o fato de pista. Mesmo que não fosse esse o contexto (infelizmente), a “armadura” trazia algum conforto emocional…

Falando em conforto, faz todo o sentido que possamos enaltecer o assento (dos melhores compromissos no que toca à rigidez da espuma, numa moto desportiva), a posição de condução convicta sem se tornar dramática, a agilidade a baixas velocidades, o bom tacto da embraiagem e a simpatia do quick-shifter (adaptando a sua sensibilidade consoante a carga no acelerador). Mas não conseguimos.

Muito embora o Desmosedici Stradale (Motor V4 a 90° com distribuição desmodromica, debitando 208 cv às 13.000 rpm e 123 Nm às 9500 rpm) desligue a bancada traseira quando estamos parados, a sua personalidade não se coaduna com uma vida muito abaixo das 3 mil rotações. Não se recusa a funcionar, mas protesta de forma veemente, numa tentativa de mostrar que para essas realidades existe o irmão Granturismo.

O aperfeiçoamento do sistema de válvulas desmodromico, o patamar de binário disponível a partir dos médios regimes, a divina ópera mecânica que ecoa do novo sistema de escape (e o sopro da admissão!) quando passamos a dezena de milhar de rotações…merecem que não sejamos cínicos. 

A Streetfighter V4s é uma hyperdesportiva que vestiu uma roupa de verão para a podermos levar ao café. Até as Ohlins semi-activas sabem comportar-se nos pisos mais degradados, num exercício raro (para a tipologia da máquina) de comiseração com os nossos pulsos e coluna.

Tendo herdado o pacote electrónico da Panigale V4, os modos de condução (são 4: Wet, Road, Sport e Race) pintam a experiência de condução com cores pré-definidas, e a sua diferenciação é realmente sentida pelo utilizador. Sendo que podemos alterar os parâmetros dentro de cada um deles, é no modo Race que esta optimização atinge opções praticamente infindáveis. Um universo electrónico apoiado por uma Unidade de Medição Inercial de 6 eixos.



Para lhe dar um pequeno vislumbre do que falamos quando dizemos “universo electrónico” para além do habitual controlo de tracção, o ABS, assim como o deslizamento da roda traseira e o imprescindível anti-wheelie, temos o interface SmartEC 2.0 da Ohlins.

Explicar a uma moto a quantidade de afundamento que queremos em travagem, de apoio a meio da curva e de tolerância na saída, é muita inteligência artificial junta. Até a resistência do amortecedor de direcção consegue ser definida. Todo este processo é absurdamente fácil, ajudado pela boa leitura e pelos sublimes grafismos (expostos no TFT de 5″) a que a marca de Bolonha já nos habituou.

Numa manhã demasiado ventosa para o intento de dominar este monstro, na estrada escolhida para fazer os bonecos fotográficos (e de vídeo – porque hoje em dia já ninguém lê), o modo Race foi o escolhido.

Trazendo a montanha a Maomé, os nossos deslizadores estavam prontos a serem usados num traçado praticamente vazio, e a razoabilidade ditou a escolha da almofada electrónica mais segura. Modo de potência em High (disponível imediatamente a seguir ao Full, e antes dos mais razoáveis Medium e Low), afinações de suspensão orientadas para lado mais performante, e paulatinamente, começámos a fazer passagens sempre na mesma secção.

A magia nunca acontece à primeira tentativa, mas esta Streetfighter V4s rapidamente quis mostrar serviço. Nas curvas encadeadas ou de apoio longo, a confiança ganha era assustadoramente real. 

As transferências de massa nas mudanças de direcção são facilitadas pela ergonomia do novo depósito (caaaalma Lorenzo!) e pela presença das jantes Marchesini em alumínio forjado, e a sensibilidade do punho direito diz-nos exactamente o quanto estamos a castigar os fantásticos Pirelli Diablo Rosso IV Corsa.

A travagem (Discos flutuantes de 330mm mordidos por um sistema radial Brembo Stylema) é intocável no seu espectro de perfeição, e a cambota contrarrotante mantém a frente rente ao chão em aceleração (talvez mais do que as asas, a estas velocidades).

Estamos absolutamente siderados com a facilidade com que tudo acontece. De tal forma, que repetimos o processo, ajustando trajectórias e procurando optimizar o esforço. O nosso! Porque as luzes que se acendem no painel do modo Race (correspondentes às ajudas que estão a intervir no momento), são o lado visível do cérebro electrónico que nos está a salvar a pele.

A qualquer momento, ao toque de um botão, podemos ajustá-las, uma prova viva da qualidade do interface homem/máquina que a Ducati nos propõe. Se estivéssemos em pista, certamente poderíamos arriscar uma trela mais folgada (e perceber os seus efeitos), mas em estrada aberta, preferimos sair com um sorriso.

Afinal de contas, estamos na presença de uma fera que tem mais cavalos do que Kg (uma relação peso/potência de 0,95), e o que mais impressiona é que nos deixa domá-la sem grandes pruridos.

É absurdo o quanto não sentimos estar a forçar o andamento para nos sentirmos lisonjeados com o nosso suposto “talento”. A Ducati Streetfighter V4s consegue aproximar da realidade tudo aquilo que sonhamos retirar de uma superdesportiva.

Uma valente dose de respeito surge quando nos apercebemos que a ausência de protecção aerodinâmica não nos permite aguentar velocidades elevadas durante muito tempo, e temos de esboçar um sorriso quando verificamos que o modo Wet a limita a uns meros 160 cv, ou que o conta rotações no modo Race só começa a contar a partir das 5 mil rotações.

A Ducati Streetfighter V4S está refinadamente mais utilizável nesta sua última versão, todo o seu compêndio tecnológico está focado em ajudar-nos a andar rápido em estrada, assim como a evoluirmos as nossas técnicas de condução em pista.

A chegada de uma certa letra M vinda da Alemanha, aumentou o clube das hypernakeds com mais de 200 cv, e nós só podemos agradecer o facto de as marcas nos conseguirem entregar estes mísseis com educação em etiqueta e bom comportamento. Os 26.895 € por ela pedidos (mais 3400 € do que a versão base) são, na nossa opinião, perfeitamente justificados pela magnificência que entrega.

Se tivéssemos  de escolher uma arma para tirar os azimutes a uma pista desconhecida, esta moto estaria no nosso top três, sem dúvida nenhuma. Brilhante. 

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fonte: https://www.andardemoto.com.br/test-drives/65931-teste-ducati-streetfighter-v4s-do-sonho-a-realidade/

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